O Gordo Vai à Baliza
Que tempos esses!
O mais difícil era atar os cordões das sapatilhas que não duravam mais de um mês até a sola ficar aberta na ponta. Na altura havia bastantes chutos de bico ou como se diz... de biqueiro. O resto era só correr e esfolar os joelhos. Muitos remendos aos bonequinhos tinha nas calças... era isso ou o verde da relva ou o castanho da terra ou ambos os três e não necessariamente pela mesma ordem.
Quem levava a bola de casa era o rei do recreio. Mas não podia ser uma bola qualquer. Não! Tinha de ser de capão e tinha de ser oficial. De quê é que não se sabe, mas se tinha uma marca com certeza que era oficial. Sendo o dono da bola, eras ao mesmo tempo árbitro, treinador e jogador.
Fazia-se "pinpanpum" para escolher o campo e "pinponeta" para escolher a equipa e se o guarda-redes fosse menina, só existia uma regra - Não vale chutos de força.
Levavas amarelo porque não passavas a bola e se houvesse golo da tua equipa e os adversários fizessem barulho por não aceitar, o "rei do recreio" só dizia:
- Ou é golo ou é falta!
Mas que dilema. Parecido a esse só o do jogo Caça-Beijinhos... ora fugias do embaraço de seres beijado por uma rapariga ora deixavas-te apanhar! Ainda assim, só tinha-mos uma certeza e com a qual todos concordavam... o gordo vai à baliza.