Amor, Para Que Te Quero
Passa para trás!
Na sala de aula, vi-a entrar. Ficava de olho nela e ganhava coragem. Pegava no caderno que tinha mais à mão, ia às folhas do meio se não estivessem escritas, tirava um pedaço e começava ali o mais simples e puro pedido de namoro.
Numa curta frase, sucinta e direta, mas cheia de vergonha e ao mesmo tempo esperança...
"Queres namorar para mim?".
Depois por baixo, dois quadradinhos mal amanhados. Um a dizer "sim" e outro dizendo "não". Na pior das hipóteses, colocava-se um terceiro que diria "talvez".
Aqui começava a aventura de fazer chegar o tão dobrado papelinho à pessoa amada. Sempre com atenção à posição do professor, para que não o confiscasse.
- "Passa para trás e não leias, não é para ti".
No final, era só esperar pelo retorno.. ou não! Não me lembro de ter feito muitos ou de ter recebido muitas respostas, sempre estive um pouco na friendzone. A verdade é que o papelinho fazia parte da geração e era mesmo assim.